GRUPO RAÍZES CÊNICAS

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SARAU TEATRAL LITERÁRIO MUSICAL

SARAU TEATRAL LITERÁRIO MUSICAL

TEATRO

TEATRO
" TEM UM HOMEM ENTRE NÓS "

" TEM UM HOMEM ENTRE NÓS "

Sinopse: Tem um homem entre nós é uma história baseada no relacionamento entre o homem e a mulher, que vem desde os tempos de Adão e Eva até os dias de hoje, buscando um culpado pelas suas frustrações e seus erros, com uma mistura de drama e comedia, está peça mostra que a disputa de poder entre o homem e a mulher, interfere profundamente, no dia, dia das pessoas excluindo o ser humano de sua felicidade.

REFLEXÃO POÉTICA

ZIEBA SHORISH SHAMLEY

UM OLHAR DENTRO DO MEU MUNDO.
Eles me fizeram prisioneira em grilhões e correntes Você sabe qual é minha culpa? Você sabe qual é o meu pecado? Esses selvagens ignorantes, que não podem ver a luz Continuam a me bater e oprimir, para mostrar que podem fazer isso .
Eles me fazem invisível, em mortalhas e não existente Uma sombra, uma não-existência, silenciada e não vista Sem direito à liberdade. Confinada na minha prisão Diga-me, como suportar minha raiva e furor?
Eles destruíram meu país e o venderam ao invasor Eles massacraram meu povo, minhas irmãs e minha mãe Eles mataram todos meus irmãos, sem um pensamento .
O reinado que eles impuseram, ordena o ódio e a fúria Chacina crianças e idosos, sem julgamento, defesa ou júri Bane a arte e os artistas, pune os poetas e escritores Vende drogas e rumores, nutre lutadores terroristas .
Na indigência e miséria eu sigo nessa vida Eu continuo tentando conter o conflito Você poderia me dar uma resposta? Sabe qual é a minha escolha? Serei eu uma fonte do demônio? Você pode ouvir minha voz?
Essa é minha religião? É esse o caminha da cultura? Eu merereço esse destino de ser entregue aos abutres? A dor é tão intensa, devo acabar com minha vida? Tomando um copo de veneno? Apunhalando meu coração com uma faca?
Minha terrível culpa é baseada no meu gênero casamento forçado, prostituição. Minha venda pelo delinqüente Buscando um caminho para compensação, encontrando injustiça cruel Pega no círculo vicioso, ganha a paz? e ganha a justiça?
Presa na teia do horror. Desespero, medo, aspereza Perdida no manto do terror, a morte está perto e a escuridão O mundo é acossado com a surdez, silêncio, frieza e inércia Ninguém ouve meus lamentos, ninguém divide meu tormento .
Ouça o tufão rugir, esse é o meu gemido Olhe a chuva do furacão, minhas lágrimas sem grades A raiva do vulcão propaga meus gritos A cólera do tornado, a visão dos meus sonhos .
Ouça me, sinta minha dor, você precisa compartilhar meu sofrimento Poderia ser você nas correntes, se não hoje, amanhã Junte-se a mim na resistência, sem parada ou pausa Nós podemos derrotar esse demônio, ser vencedoras da minha causa .
Essas regras não podem me deter, eu vou desafiar e lutar Para alcançar a alvorada da liberdade, eu busco a luz da justiça Eu vou esmagar esses dominadores, eu vou queimar essa jaula Eu vou derrubar esses muros, nesse maldito inferno!
50 Aniversário da Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas Dedicado a todas as minhas irmãs afegãs e todas as mulheres que sofrem a mesma situação 10 de Dezembro de 1998

Cora Coralina
TODAS AS VIDAS



Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado, acocorada ao pé do borralho, olhando pra o fogo. Benze quebranto. Bota feitiço... Ogum. Orixá. Macumba, terreiro. Oga, pai-de-santo...
Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho, Seu cheiro gostoso d’água e sabão. Rodilha de pano. Trouxa de roupa, pedra de anil. Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim a mulher cozinheira. Pimenta e cebola. Quitute bem feito. Panela de barro. Taipa de lenha. Cozinha antiga toda pretinha. Bem cacheada de picumã. Pedra pontuda. Cumbuco de coco. Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária. Bem linguaruda, desabusada, sem preconceitos, de casca-grossa, de chinelinha, e filharada.
Vive dentro de mim a mulher roceira. – Enxerto da terra, meio casmurra. Trabalhadeira. Madrugadeira. Analfabeta. De pé no chão. Bem parideira. Bem criadeira. Seus doze filhos. Seus vinte netos.
Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha... tão desprezada, tão murmurada... Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim: Na minha vida – a vida mera das obscuras.

Manuela Amaral
MULHER EM DEFINIÇÃO

Mulher-Poesia que deixa no meu corpo bocados de poema
Mulher-Criança que desce à minha infância e me traz adulta
Mulher-Inteira repartida no meu ser
Mulher-Absoluta Fonte da minha origem.

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